Olhares do imaginário: fragmentos de encontros com deficientes visuais

O projeto foi desenvolvido durante 15 encontros - de setembro a dezembro de 2008;  no ILITC - Instituto Londrinense de Instrução e Trabalhos para cegos.

membros Flávio Cordeiro, Graciele Ferreira, Pedro Dias, José Maria Ribeiro, Junio Cezar Alonso, José Carlos da Silva, Gabriela Maria Oliveira, Isabela Regina Vieira, Lindaura Aparecida

colaboradores
Káthia Godoy - Psicologia
Juliana Lima -  Jornalismo
Marcelo Araújo - Letras
Isabela Figueiredo - convidada (fotografia)

'Desenvolvendo a percepção, expondo-os a diferentes situações, objetos e manifestações artísticas; propondo atividades interativas; levantando pontos de discussão; realizando encontros nos quais, de maneira geral, buscou-se sempre uma evolução no sentido da compreensão e da sensibilidade, sempre respeitando a cultura, a história e os valores de cada um'' natalia turini

arte de se retratar

No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...

às vezes me pinto coisas

de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...

e, desta lida, em que busco

- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,

no final, que restará?

Um desenho de criança...
Terminado por um louco!
Mário Quintana
 








 




arte com argila

Poesia não é para compreender, mas para incorporar.
Entender é parede, procure ser árvore
Manoel de Barros






arte de descobrir objetos

a percepção é o processo de decodificar os estímulos que recebemos











ao ar livre
o outro começa onde nossos sentidos se encontram com o mundo








arte de fotografar
O visível e o visual são bem diferentes, não há razão para que os cegos não produzam imagens, fotográficas ou não.
  Evgen Bavcar 






arte de contar histórias

Discurso
E aqui estou, cantando.

Um poeta é sempre irmão do vento e da água:
deixa seu ritmo por onde passa.

Venho de longe e vou para longe:
mas procurei pelo chão os sinais do meu caminho
e não vi nada, porque as ervas cresceram e as serpentes
andaram.

Também procurei no céu a indicação de uma trajetória,
mas houve sempre muitas nuvens.
E suicidaram-se os operários de Babel.

Pois aqui estou, cantando.

Se eu nem sei onde estou,
como posso esperar que algum ouvido me escute?

Ah! Se eu nem sei quem sou,
como posso esperar que venha alguém gostar de mim?
Cecília Meireles




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